Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Manhã no Bairro Paraíso


Hora de pôr o lixo para fora
Os ônibus escolares passam recolhendo o gado
Hora em que levo os gatos pra passear
Pra comer a grama da calçada

Os garotos pastam a primeira refeição: Geometria
Expelem uma bola de pelos: Física
Defecam Geografia
Vomitam História

Comem ração de filhotes
Ás vezes, ração molhada
Um pouco de leite, coalhada
São o futuro da nação

Os gatos cheiram o portão
Leem as primeiras notícias
Quem passou por aqui?
Aquele cachorro safado, aquele gato intrometido?

Os garotos abrem o zap zap
Quem deu para quem?
As minas sacam os gatos
Os manos babam nas tetas

Os gatos se enroscam na cama
Deitam no sofá
Ronronam
Começa um dia perfeito

Os garotos saem da escola
Um bando em revoada
Uma pegação, uma zoação
Oba! Vai ter porrada
São o futuro da nação

Tonto, meu gato preto, puxa conversa
Ele detesta os ônibus, os garotos sempre correndo
Tem medo desse bando barulhento
Que um dia vai ter que correr, pra ganhar sua ração

São o futuro da nação

Marco Lisboa